Fora de lugar - Malfadados improvisos

Jogadores fora de posição no Ceará evidenciam carências para algumas posições no elenco alvinegro
As improvisações no time do Ceará, mais precisamente com Heleno na zaga, Paulo Sérgio, Eusébio e até Geovane na lateral-esquerda, e, em menor escala, Mota no meio campo, em detrimento a especialistas nas posições evidenciam carências no elenco.

Mas os improvisos, muito utilizados por Dimas Filgueiras e agora por seu sucessor, Lula Pereira, parecem estar com os dias contados.

Isso porque a diretoria do clube está reforçando o time nas posições em que há mais improvisações, como a zaga e a lateral esquerda. Para a defesa, o Vovô apresentou ontem zagueiro Thiego, de 25 anos, que jogou o último Brasileirão pelo Bahia. Outro zagueiro ainda pode chegar e um reforço para a lateral esquerda é considerado prioridade pela diretoria.

As duas posições são problemas antigos detectados pelos técnicos do Alvinegro e colocam em xeque especialistas nos setores. Na defesa, Heleno continua na zaga, enquanto os zagueiros Erivélton, Potiguar e Thiago Matias são pouco (ou não) utilizados. O último, inclusive, demorou a entrar em forma e está deixando o clube para jogar pelo Treze/PB, depois de ouvir do técnico Lula Pereira que ele não estava em seus planos.

Já a lateral esquerda conta apenas com Romano. E ele, vindo do Avaí, não aprovou, sendo deixado de lado pelos treinadores. Três jogadores já foram improvisados na função: Paulo Sérgio, que é lateral-direito, Eusébio, polivalente, mas que jogava pelo Vovô de volante, e até o meia Geovane, que jogou pouco em seu setor e apareceu algumas vezes improvisado.

Adaptado

O caso de Mota é diferente. Atacante de origem, o atual capitão do Vovô jogou como meio-campista por cinco anos na Coreia do Sul. Portanto, considera-se adaptado e não improvisado. Mas deixa claro que essa condição ocorre mais pela forma que a torcida alvinegra se acostumou a vê-lo jogar. "Gosto de jogar no meio. Fiz essa função por cinco anos e desempenho bem. Só que a torcida do Ceará me vê como atacante, por tudo que fiz aqui e isso não vai mudar. Para eles, serei sempre atacante. Fui contratado como atacante, mas não vejo como improvisação ir para o meio, porque me acostumei a jogar ali. Sei que temos grandes meias no elenco, mas se for escalado ali, jogarei sem problemas".

Quanto às improvisações, a diretoria do Ceará reforçou que trabalha para dar opções ao técnico e assim, findá-las. "Não é o ideal improvisar. Mas estamos contratando e procurando opções para o Lula montar o time e não precisar mais disso", declarou Robinson de Castro, vice presidente do clube.

Jogadores

Os atletas do Vovô também opinaram sobre o faot de o time jogar com atletas fora de suas posições. O goleiro Fernando Henrique lembrou que as improvisações até são normais no futebol, mas que o ideal é cada um na sua. "É normal. O atleta sempre quer ajudar e não se omite. Mas, sem dúvida, todos querem jogar em sua posição de origem".

Indagado sobre como um jogador se sente ao ver um de outra posição tomar o seu lugar, FH foi sincero. "Cada um tem de ver o porquê de estar fora do time e o outro estar no seu lugar, mesmo de outra posição. Sei que todo mundo se empenha, mas se as improvisações existem, é porque falta alguma coisa".

Thiego já sofreu com improvisações
O novo reforço do Ceará, o zagueiro Thiego, foi apresentado ontem em Porangabuçu e já sentiu na pele o que é jogar improvisado. Quando atuava no Grêmio, o zagueiro, mesmo com 1,88 de altura e 82 quilos, foi posto na lateral-direita pelo técnico Celso Roth, em plena disputa da Taça Libertadores de 2009.

O jogador, que atuou em três jogos, contra Aurora/BOL, Universidad San Martin/PER e Universidad do Chile, afirmou que ter jogado fora de posição atrapalhou sua trajetória no time gaúcho, que começou no Sub-20 em 2007. "Joguei fora de posição, e logo uma Libertadores da América por uma grande clube como o Grêmio. Foi onde eu mais me prejudiquei. Seria totalmente diferente do que jogar na minha posição", lembra.

Mas o jogador não guarda ressentimento do técnico Celso Roth ou mesmo da torcida, que declarou ter pego no seu pé. "Não tenho mágoas do técnico ou de quem quer que seja. Me prejudiquei um pouco com a torcida, mas já passou", garante.

Thiego ainda disputou 21 partidas no Brasileirão daquele ano pelo Grêmio e foi emprestado ao Kyoto Sanga, do Japão. No ano seguinte, retornou ao Grêmio e foi novamente emprestado em 2011, agora para o Bahia.

No time baiano, Thiago teve poucas oportunidades devido a uma pubalgia (lesão no púbis), mas, ainda assim, o tricolor baiano queria prorrogar o empréstimo, negociação negada pelo time gaúcho.

Novo clube

Foi aí que Thiego rescindiu o contrato com o Grêmio e, livre para negociar com outro clube, acertou com o Ceará até o fim de novembro deste ano.

Após treinar no período da tarde, o zagueiro foi apresentado oficialmente, agradecendo a confiança da diretoria. "O clube está apostando em mim e eu quero corresponder e retribuir o apoio em campo. Vou trabalhar sério para me firmar no time e ganhar a confiança de todos, principalmente da torcida, que eu sei que é grande", disse.

Se depender dele, nova improvisação, nunca mais. "Gosto de jogar como zagueiro. O lado que atuarei não importa, só preciso de tempo para me adaptar".

E Thiago aguarda a regularização para estrear pelo Ceará, que pode sair antes do Clássico da Paz, no domingo contra o Ferroviário. "Eu estou bem fisicamente. Acredito que, se regularizado, posso ficar a disposição para domingo".

Angelim

Embora tenha apresentado Thiego, a diretoria do Vovô ainda negocia com outro zagueiro para reforçar o sistema defensivo, que já não conta com o experiente Thiago Matias.

O vice-presidente do clube, Robinson de Castro, não quis adiantar o nome do defensor, mas negou que este fosse Ronaldo Angelim. "Não o procuramos recentemente e sim no ano passado; no segundo semestre, quando ele estava no Flamengo. Mas para este ano não há nenhum encaminhamento nesse sentido", finalizou.

Postada:Gomes Silveira

Fonte:Diário do Nordeste

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