No campo, tratores fazem o corte da terra para o cultivo de grãos da safra de sequeiro deste ano. O serviço é realizado por conta própria ou em parceria com associações comunitárias que dispõem de tratores e equipamentos adquiridos por meio do Programa São José. Poucas são as Prefeituras que ainda mantêm o programa de Corte de Terra. Os gestores alegam custo elevado e falta de parceria com o governo do Estado.

Na região Centro-Sul, apenas o Município de Saboeiro permanece com o programa de preparo de terra, denominado oficialmente de "Aração de terra para todos". A meta para este ano é atender 1.200 famílias em 2.500 horas de serviço de mecanização agrícola. "É um investimento que o Município faz porque dá retorno para os agricultores de base familiar e é o primeiro passo para garantir uma boa produção", disse o secretário de Agricultura de Saboeiro, Raimundo Nonato Martins.

O programa começou em 2009. Neste ano, já foram feitas 200 horas de trator no preparo do solo, cerca de 10% da estimativa. "A maioria dos agricultores aguarda a chegada das chuvas que esperamos que seja logo", observou Raimundo Martins. "Temos onze tratores contratados que serão distribuídos em quatorze rotas".

Agentes de campo
O Município prioriza o preparo de solo para o cultivo de mamona porque o programa governamental de incentivo ao Biodiesel assegura o pagamento ao produtor rural de R$ 200,00 para cada hectare plantado.

O serviço é acompanhado por agentes de campo, que fiscalizam o preparo de solo, fazem cadastros de agricultores interessados e ainda dão orientação técnica básica. Em Saboeiro, até agora, 60% do estoque de sementes do Programa Hora de Plantar já foram distribuídas.

O secretário de Agricultura de Jucás, José Teixeira Neto, explicou que o Município abandonou o programa de preparo de terra em virtude dos elevados custos. "Uma hora de trator custa cerca de noventa reais", observou Teixeira. "No passado, havia parceria com o Governo do Estado, mas agora é por conta da Prefeitura". Os Municípios também alegam dificuldades para receberem a contrapartida dos agricultores. Em Acopiara, há dois anos que o programa não é efetivado, embora a Secretaria de Agricultura tenha recebido centenas de propostas dos produtores rurais.

O coordenador de Desenvolvimento da Agricultura Familiar da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), Itamar Lemos, esclareceu que o Estado mantém convênios com os Municípios e com associações comunitárias para o preparo de solo somente para práticas modernas e ecológicas de convivência com o semiárido. "Temos cerca de quarenta convênios em andamento", disse. "As propostas devem ser apresentadas no segundo semestre de cada ano e para este ano não temos mais como atender à demanda".

A prática de convivência agrícola com o semiárido desenvolve ações de implantação de tecnologias alternativas visando ao equilíbrio dos recursos naturais. Mandala, captação de água ´in situ´, cisternas subterrâneas, quintal produtivo, correção de solo são exemplos de tecnologias que contribuem para a proteção do meio ambiente.

Itamar Lemos observou que a distribuição de sementes do Programa Hora de Plantar em todo o Estado está transcorrendo regularmente e dentro do calendário previsto inicialmente. "Em algumas regiões como Cariri, Ibiapaba e Tauá já foi concluída", observou. A meta da SDA é até o fim deste mês concluir a entrega das sementes. "O agricultor é prático. Ele só pega a semente quando chove e a terra está molhada", frisou Lemos. "Por isso alguns escritórios ainda têm estoques de sementes".

O presidente da Coordenadoria de Agricultura Familiar da SDA observou que a previsão da Funceme é para ocorrência de chuvas a partir da segunda quinzena deste mês.

"A Zona de Alta Pressão tem diminuído e a tendência é de chuva para os próximos dias". Com relação à assistência técnica ao pequeno produtor rural, Itamar Lemos, lembrou que a Ematerce, até o fim de março próximo, vai inaugurar 63 novos escritórios no Interior e a meta é chegar até o fim do ano com unidades de atendimento em todas as cidades.

Safra
1,4 milhão de toneladas de cereais, leguminosas e oleaginosas é a safra esperada para este ano, superando em 10,57% a colheita contabilizado no Ceará em 2011

Mais informações:
Secretária de Desenvolvimento Agrário ( SDA)
Coordenadoria de Agricultura Familiar
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